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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Reencontrei uma das minhas alunas

No ano letivo de 2001/2002 foi o ano do meu estágio. Fiquei colocada em Mafra, na Escola Secundária José Saramago para dar a disciplina de Português. Tinha eu 23 anos, acabadinhos de fazer em Julho. Calhou-me na rifa 2 turmas: uma do 10º ano (10ºC) e uma do 11º ano (11º J). Enquanto que a primeira era composta por alunos da área de Ciências, com notas altíssimas e brio escolar, a segunda era da área de Administração/Economia, com a maioria dos alunos repetentes e alguns com problemas familiares que afetavam, como é natural que aconteça, a prestação deles enquanto alunos e enquanto seres humanos. Quando olhei para o perfil da turma fiquei bastante apreensiva, pois sabia que poderiam dar-me muito trabalho e, pela minha idade e aspeto jovem, poderiam abusar da minha "boa vontade". 
A verdade é que me deram muito trabalho (mesmoooo), pois foi uma turma que exigiu mais de mim enquanto pessoa e enquanto professora. Os primeiros dias de aulas não foram fáceis, pois, tal como eu esperava que acontecesse, olharam para mim e acharam que iam brincar comigo, pois eu era mesmo novinha! Cortei-lhes as rédeas logo desde o início. Na primeira aula disse-lhes que podia ser a melhor amiga deles, mas se pisassem a linha eu passaria de melhor amiga para o pior pesadelo da vida deles todos, pois por um pagaria a restante turma. À primeira tentativa de abuso, exerci o meu poder dentro da aula e a partir desse dia tiveram que lutar por um lugar no pódio da minha consideração. 
Como sabia que era uma turma com dificuldades, também na primeira aula, sugeri-lhes que escrevessem textos livres nas suas horas vagas, para que eu corrigisse os seus erros, não contanto este acto para nota, mas simplesmente para os ajudar a melhorar a escrita. Nunca me tinham entregue nada... mas começaram a fazê-lo a partir do momento em que perceberam que, apesar de inexperiente, de mim não iam levar nada... Até que, aos pouquinhos fui amolecendo e, além de professora deles, senti-me também amiga, que além de ensinar também lhes apoiava nos variados problemas pessoais que lhes apareciam e os apoiava nas atividades extra curriculares... Ia muitas vezes tomar o pequeno-almoço com eles no café em frente da escola (a verdade é que também não me sentia muito confortável na sala de professores!), convidavam-me para os almoços de fim de períodos, nos "encontros" pós aulas,...
O que é facto é que mantenho contacto com muitos deles ainda hoje... e surpresa das surpresas, uma das alunas que exigiu mais de mim no que diz respeito ao futebol, veio a S. Miguel e fez questão de estar comigo um bocadinho. Era uma miúda bastante caricata. Sportiguista de raiz (ninguém é perfeito!), fez-me ver os resumos dos jogos (do Benfica, do Sporting e do Santa Clara que na altura estava na 1ª divisão) no Domingo à noite para poder ter argumentos reais para "discutir" futebol com ela na segunda-feira seguinte. Dava-me luta!

A verdade é que esta turma deixa-me saudades desse ano, pois senti o que é realmente dar aulas. Ser professor não é só dar aulas, ou "vender" aulas, como eu muitas vezes ouvia e soava-me tão mal... ser professor é saber moldar-se perante os alunos, é estar lá para ouvi-los quando eles precisam, é apoiá-los nas suas decisões e ajudá-los a engrenarem num melhor caminho... Ser professor é muito mais do que "ensinar", é também aprender e retribuir a amizade que nos dedicam...

Venham mais alunos por aí abaixo que terei todo o gosto de vos rever...


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Fui aluna de um escritor conceituado de Portugal

Confesso que, com a entrada na tuna, a partir do meu 2º ano da universidade, a minha frequência às aulas diminuiu consideravelmente. Embora os meus pais tenham uma ideia aproximada disto, imagino que esta minha confissão não os vai deixar muito orgulhosos de mim. Cabe-me, neste momento, recordá-los que fiz os 4 anos de curso + 2 anos de estágio sem perder um ano que fosse e deixando apenas 1 cadeira para fazer no ano seguinte. Portanto saldo mais que positivo! :) E além disso, já se passaram 14 anos! :P

Estava eu em pleno 3º ano da universidade quando numa das aulas que eu fui, de Literatura Portuguesa (daquelas que têm tudo para serem consideradas aulas de seca!), estava um professor já em idade avançada sentado na sua secretária de professor a dar a sua aula. Era alto, cabelo grisalho (diziam que em novo era loirinho), de olhos azuis (muito parecidos com os do meu avô materno) e de um aspeto tão fofinho, tão simpático, tão tudo que me encantou. Falava baixinho, tão baixinho que a dada altura, quem estava no final da sala queixava-se que não o ouvia (ainda hoje acho que deviam estar no gozo com o senhor!). Vai dai, passou a haver uma grande caixa que colocaram ao lado da secretária (coluna de som) e ele pegava no microfone e assim deu muitas aulas... Inédito! Nunca tal tinha visto! Este processo foi adotado por ele e por outra minha professora, também já velhinha (a Dra. Arlete!)...

Ficou viúvo na altura que foi meu professor (1998), mas ouvia-se que, em novinho, quebrou muitos corações lá pela universidade... Foi meu professor um ano letivo inteiro. Simpatizava com ele... Fui a exame, mesmo assim... e para não ter de esperar pelo resultado em Lisboa (queria era vir de férias para os Açores), falei com ele de forma a encontrarmos um jeito para eu saber da nota da cadeira dele. Caso eu chumbasse teria de regressar novamente para fazer o exame da 2ª fase, em setembro. Ele, muito atenciosamente diz-me para não me preocupar, dá-me o seu contacto fixo de casa (na altura telemóveis eram ainda uma raridade!) para lhe ligar por volta de um dia que ele achou que já teria o meu exame corrigido. Assim fiz e foi ele que me informou da nota que eu tive.

Até quase ao final do ano, e como não ia a muitas aulas também não apanhava os comentários que partilhavam sobre ele, nem o nome dele sabia, andei sempre na ignorância (e eu já sou distraída por natureza!). Para mim ele era um professor como outro qualquer que tinha na universidade (este mais fofinho!), até ao dia que, vendo um colega a ler um livro, perguntei-lhe o que estava a ler e de quem era. Respondeu-me "<Noite Roxa> do nosso professor". WHAT?! Nosso professor?! Quem? Quem? Nada mais nada menos do que o nosso professor de Literatura Portuguesa, o grande Urbano Tavares Rodrigues, humanista e escritor. É que ele não escrevia livros tipo "Fulano tal defende isto... fulano tal defende aquilo" (como muitos professores escrevem e vangloriam-se dos seus livros que não passam de trabalhos de investigação, pois isso eu também sei fazer!), ele escrevia mesmo livros com histórias de princípio, meio e fim (e eróticas, por sinal!). A partir desse momento, passei a admirá-lo ainda mais pela pessoa humilde e simples que era e que sempre mostrou ser, pelo menos comigo, embora ainda não tenha lido nenhum livro dele. Estou a falhar, eu sei!... 

Faleceu a 9 de Agosto de 2013...

A propósito, tive nota positiva (já não me lembro qual, mas não necessitei de ir ao exame da 2ª fase)!
(Era fofinho, não era?!)

(Um entre muitos outros livros que escreveu...)



terça-feira, 27 de setembro de 2016

A decisão foi tomada antes da 2ª aula

E pronto... Já se passaram 3 aulas de natação e eu sinto-me cheia de certezas de que tomei a decisão acertada para a minha M., pois ela é uma menina surpreendente e tem mostrado ser capaz de entender tantas coisas que, às vezes, os adultos não acham possível.
Fomos à aula de 4ª feira e, nesse dia, decidi que era mesmo na turma dos Tartarugas que ela devia ficar: nas 3 aulas que fez foi feliz. Portanto, vai ficar sozinha dentro de água com os outros meninos e com o professor, que é um querido para eles, com um esparguete debaixo dos braços e assim vai aprender a ter alguma autonomia e destreza dentro de água. 
É mais caro (mas o mais barato do mercado existente aqui das redondezas!), porque implica 2 aulas por semana de 30 minutos cada uma, mas é o melhor para ela. Se ela ia aprender a nadar sozinha, sim ia, mas ela gosta tanto da natação e, como não frequenta ainda a escola, nem creches, é este o único momento que ela tem para estar com outros meninos e aprender a cumprir regras do professor, coisa que ela não está habituada a ter. Atenção, ela cumpre regras, mas aquelas regras de ficar sentadinha com os outros meninos e esperar pela sua vez é preciso trabalhar... Esta é uma boa forma para aprender. Acho que é o melhor para ela neste momento...
A minha filha está a crescer tão depressa...


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Festa de despedida

No passado dia 25 de junho foi a festa de despedida da natação deste ano. Despedida das aulas do professor, porque por termos em falta 2 aulinhas de reposição, as mesmas estão a ser dadas por outra pessoa, uma professora.
Andei a prepará-la psicologicamente para este facto para que ela não fosse apanhada de surpresa (tal como faço com tudo!), mas mesmo assim não foi fácil para ela aceitar uma professora em vez do professor. Apesar da professora ter sido muito meiguinha com os meninos, a minha M. andou muito tímida, chegou a dizer que queria ir embora, não queria fazer os exercícios se a professora estivesse por perto, mas quando se afastava ela fazia. Quando nos despedimos da professora, ela disse adeus mas colmatou com "O professor Rui vem!", como forma de garantir que aquela era uma vez sem exceção. 
Às vezes pensamos que as crianças não sentem as mudanças, mas está visto que é muito mentira. Por isso é preciso ter muito cuidado com aquilo que expomos aos nossos filhos e com o que decidimos por eles. A minha M. afeiçoou-se ao seu professor Rui e não quer mais ninguém no lugar dele. Mal sabe ela que irá ter tantos professores pela vida fora, uns que ela vai recordar e outros que vão passar completamente ao lado, que nem se vai recordar deles (esses são os mais tristes, aqueles professores que não deixam marcas!)...
A festinha, essa foi uma animação. É sempre um dia livre, de fazermos o que nos apetecer e brincar com aquilo que ela tiver vontade. Para o ano há mais! :)