quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Férias 2018 #4: Chegar a Santiago

Chegar a Santiago é um misto de sensações. Se inicialmente temos a cabeça formatada para um cenário precário, com tudo o que falta faz para a mínima qualidade de vida, depressa constatamos que tudo é muito pior ao que imaginamos antes de encarar a verdadeira realidade. Ninguém, no seu perfeito juízo, está preparado para enfrentar a realidade de Cabo Verde, por mais introspeção ou preparação mental que faça. Tudo o que se vê é bastante pior do que aquilo que se imagina... Então, as primeiras horas em Cabo Verde, talvez até ao dia seguinte, são para assimilar a ideia de que estamos em Cabo Verde. Que existe pobreza, falta imensa de água potável, falta de ar condicionado (e acreditem que é mesmo um bem essencial para...respirar!), de alimentos bem confeccionados, casas mal construídas, mal acabadas, de falta de roupas, de ordenados precários (o salário mínimo ronda os 150€), de tudo racionado... enfim... tudo aquilo com que não lidamos no nosso dia-a-dia, mesmo que estejamos cansados de reclamar com aquilo que temos!

Logo à saída do avião ninguém está preparado para aquele calor abrasador. Um calor que custa respirar! Um calor que nos faz transpirar e querer entrar de uma vez por todas no mar, que nem é fresquinho, mas é melhor que nada!...

À chegada tínhamos imensa bagagem (malas e caixas de material para ajuda humanitária!)... Veio uma carrinha de caixa aberta que levou as nossas malas todas amarradas com uma corda para não caírem... À pergunta onde, no aeroporto, se podia trocar € por escudos caboverdianos, já me pediram uma ajuda, tal é a necessidade... Fiquei logo escandalizada e a pensar "Será que vou levar uma semana nisto?!"

Entramos na carrinha que levava mais pessoas do que o que devia... as estradas eram boas, mas tudo o que as rodeava estava inacabado: casas, prédios,... tudo era seco, acastanhado,... um ambiente que me fazia lembrar que era um "deserto" com casas quase abandonadas.

Fomos conhecer o nosso quarto no Centro de Estágio de Futebol de Cabo Verde, mesmo em frente ao Palácio do Governo. Um edifício relativamente recente, mas já muito desgastado pela falta de bom uso do mesmo... Disseram-nos que era um "quase 5 estrelas"... De 5 estrelas não tinha nada. Para terem uma ideia era um "quase 2 estrelas portuguesas", uma espécie de Residencial. Mas não foi isso que me assustou, porque ao menos tínhamos um lugar seguro e relativamente bom para dormir e isso é o que na verdade importa...

Nesse mesmo dia fizemos uma caminhada desde o local onde ficamos instalados até à Associação Black Panthers para conhecer a sua sede e o ambiente circundante... Sem palavras! A associação tem um papel bastante importante com muitas famílias e apoia idosos e crianças. Uma espécie de lar de dia e creche com tudo muito arranjadinho e limpinho. Gostei de ver o esforço que fazem para conseguir abranger tanta família e o bem que fazem àquela comunidade. Acredito que muitas crianças e idosos têm ali as únicas refeições do seu dia... Todo o material que trouxemos foram para eles, maioritariamente material escolar.

Deixo aqui algumas imagens do que vimos...


Sobrevoando a cidade da Praia

Caixas de material que trouxemos para a Associação Black Panthers

A caminho da Associação Juvenil Black Panthers





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