De sábado para domingo, como disse aqui, o Sr. Santo Cristo dos Milagres fica no altar mor da Igreja de S. José e é venerado e aclamado por quem decide passar a noite na igreja com Ele. Esta foi a segunda vez que decidi participar, até porque às 2h30 seria o Padre Norberto a "comandar as tropas".
Tinha tanta, mesmo tanta gente... Este ano fiquei com a sensação de que participaram mais pessoas nas festas, o que é bom. Depois de ter estado com o namorido, com a filha e com um casal de amigos, decidi que era a hora de entrar. A minha mãe já estava lá dentro à minha espera. Decorreu a missa. Só pude alcançá-la depois da missa terminar, pois era muito povo...
A carga de fé que se vive nessa noite é imensurável. As pessoas estão internamente ligadas pela fé: as que estão dentro da igreja e as outras que estão em peregrinação e chegam à igreja a partir das 5h da manhã... Até lá, a noite é para estar com Ele. As palavras do Padre Norberto ecoavam dentro do meu ser... Já disse que ele é uma espécie de "hipnotizador"... com o Santíssimo Sacramento em cima do altar e o Sr. Santo Cristo no altar, rodeado de velas e de flores... ele falava de Deus e à medida que ele falava, com a voz calma e pausada, num ambiente tão sereno como é o da igreja, senti-me quase que a levitar por várias vezes até àquela imagem que tanto tem de serena como de perturbadora e que nos faz mesmo acreditar Nele, naquele olhar, onde renovamos sempre a nossa fé...
Meditamos e cantamos... batemos palmas (também para despertar do sono que teimava em chegar em alguns momentos) e, no final, como uma espécie de despedida chamou um grupo de jovens para nos orientar nos gestos e foi um momento tão bonito, tão intenso, tão tocante...
Sair da igreja, às 5h da manhã, depois de estarmos tão ligadas a Deus e ver, na rua pessoas a cumprir a sua promessa, à chuva miudinha, molhadas, de joelhos no chão, naquele chão que fizeram no meio da estrada (?!) onde os carros passam (ainda não percebi o que pretendiam, se atropelar as pessoas que cumprem promessas, se fechar o trânsito das ruas do campo de S. Francisco - o mais sensato!)... e dói muito pensar no quão grande foi o sofrimento daquelas pessoas para chegarem ao limite de prometerem aquilo... Deus não quer que soframos. Deus quer que sejamos felizes... Mas quem sou eu para dizer o que quer que seja... eu não estive na pele daquela gente... não senti o quanto eles sofreram... Que Deus nos ajude sempre...
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