segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Hoje é dia de soprar velinhas

O meu pai é o filho mais velho dos meus avós. Eles tiveram 4 filhos ao todo: 2 meninos e 2 meninas. As meninas não sobreviveram!... A minha tia Dídia, com 5 anos, foi atropelada por um camião (parece surreal, visto que essa tragédia ocorreu em 1969...numa freguesia do Nordeste, à frente de casa, no passeio de uma rua secundária, mas infelizmente aconteceu!). A minha outra tia, a Hercília, com 4 ou 6 meses morreu com Leucemia... Ficaram apenas o meu pai e o meu tio. Lembro-me do meu tio desde sempre, pois vivi com ele quando ainda era criança. Lembro-me dele chegar a casa, cansado do trabalho, e eu, o meu irmão e o meu primo pedir-lhe para ele fazer o cavalinho e ele punha-se de gatinhas no corredor lá de casa e nós os 3 saltávamos para as costas dele. Ele ia e vinha sempre connosco às costas. Nunca se cansava. Levava-nos a passear sempre... Tudo o que o meu primo (seu filho) queria ele comprava. Queria compensá-lo pela falta que lhe fazia depois do divórcio, além de que ele emigrou para a Bermuda e só cá estava lá de vez em quando.
Na Bermuda conheceu a sua segunda esposa, a minha segunda tia, e dela teve 3 filhos. Na Bermuda, segundo sei, só estava de folga 3h por dia. Tinha 3 trabalhos. Fez muitos sacrifícios para ter uma vida mais desafogada.
Regressou a S. Miguel 15 anos depois. Comprou um táxi e é onde trabalha até hoje. Infelizmente, subitamente, numa manhã de Novembro, quase há 6 anos atrás, a minha tia faleceu e tudo o que eles tinham construído se desmoronou dai por diante até os dias de hoje... Depois de 5 anos de sofrimento, de desprazer pela vida, de muitas turbulências que sofreu, finalmente encontrou uma pessoa que o ajuda a superar os seus maiores medos e que gosta dele como ele é, mesmo com aqueles defeitos todos que ele tem (tal como todos nós temos!) e isso é de louvar! Até há bem pouco tempo, o meu tio tinha-se esquecido de viver a sua vida para viver a vida dos filhos, de viver só para eles, como forma de compensá-los pela falta da mãe (se calhar foi esse o seu erro!). Hoje ele voltou a gostar da vida. Hoje ele sorri. Hoje ele faz anos. 57 anos. Novo. Muito novo para quem já sofreu tanto. Tem uma vida inteira pela frente. Tem mais é que ser feliz junto de quem o faz feliz!... Família é isto: apoiar sempre, gostar sempre!

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