sábado, 7 de janeiro de 2017

O Amor vence fronteiras gigantescas...

Faz hoje 1 ano que uma pessoa especial deixou este mundo... Tinha ela 1 ano e (quase) meio... tão pequenina, tão frágil, tão linda, tão angelical e ao mesmo tempo tão forte, muito mais forte do que muitos de nós... Chamava-se Matilde, tal como a minha filha. Era uma bebé pequenina, tal como a minha filha. Sofria de Leucemia Mielóide Aguda. Não tinha esperanças de sobreviver em Portugal. Mas tinha uma luz no fundo do túnel fora de Portugal, mas para isso era preciso dinheiro!...
Eu não conheci essa pessoa especial, pelo menos pessoalmente, mas conheci a sua cara e a sua história através do facebook e, aos poucos, aquele pequeno ser e o seu sorriso me foram aproximando dela, me foram fazendo desejar pegar-lhe ao colo um dia, acompanhar o seu crescimento, ficar feliz pelas conquistas dela no futuro... e foi por isso que, com a ajuda de algumas pessoas, movi mundos e fundos para ajudar essa pequena princesinha que já fazia parte da minha vida, mesmo sem nunca a ter pegado ao colo!
Distribuímos mealheiros por vários sítios e perdemos a vergonha e fomos departamento a departamento do meu trabalho apelar ao sentimento dos nossos colegas para poder ajudar a pequenina Matilde.
Infelizmente o seu estado de saúde foi-se agravando cada vez mais e, no dia 7 do ano passado, foi dos dias mais compridos do ano... Disse-nos adeus ao final da tarde, depois de milhares de velas do país estarem acesas a pedir a sua cura. A minha lá de casa esteve sempre acesa. Nessa tarde, quando cheguei em casa, recordo-me que, junto com a minha filha, rezamos pela Matilde, pela cura dela,... foi em vão... Pensei em apanhar o avião para o Porto nesse dia para acompanhar o seu velório/funeral... precisava chorar a morte daquela menina pequenina... vê-la, mesmo que já sem vida... mas a minha filha precisava de mim aqui e ia ser desgastante para ambas, por isso não fui... Mas ficou a promessa que um dia irei visitar o sítio onde ela está e vou levar-lhe flores e, se calhar um balão para ela "brincar"...

Infelizmente, o destino dela era viver pouco tempo e deixar uma grande lição a quem a acompanhou: é possível amar sempre; é preciso viver ao máximo sempre; é preciso entregarmo-nos aos outros sempre; é possível sorrir mesmo nas adversidades; devemos ajudar-nos uns aos outros sempre (e, normalmente, quem ajuda mais são aqueles que também precisam de ajuda)... Foram estes os ensinamentos deixados em mim.

Se calhar as semelhanças desta Matilde com a minha Matilde me tivessem aproximado da sua história. Colocar-me no lugar dos pais da Matilde era sempre um exercício que me causava muita dor. Pensar que aquela realidade podia ser a realidade de qualquer ser humano, a minha realidade, a tua,... era cruel... Muita força tiveram aqueles pais que disseram adeus à sua filha de uma maneira tão sofrida... Muita força têm aqueles pais para sobreviverem ainda à dor que, com certeza, sentem no coração... Perder um filho deve ser a maior dor que um pai/mãe pode sentir... É desumano! Os pais deixam de viver para apenas sobreviver até que a morte os leve para junto do seu "pedaço" mais importante que lhes foi "roubado"... 

Só de pensar neste dia o ano passado, sinto o meu coração tão pequenino... Um dia espero ainda pegar-lhe ao colo e sentir o seu cheirinho de bebé... Não a conheci pessoalmente, mas ela continua a viver no meu coração e aí permanecerá sempre...

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