sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O dia mais feliz da minha vida - parte III

Depois da epidural, as coisas melhoraram consideravelmente... Sentia dores, mas não tão fortes como estava a ficar antes da "drogazita boa"... O namorido quis ir ao carro buscar a máquina fotográfica (e fumar uma cigarrilha - para comemorar só pode!) e eu lá fiquei com a minha cunhada e a enfermeira Odete...
Mas, mal ele saiu do quarto, uma dor impossível de controlar tomou conta de mim... Precisava urgentemente de ir ao wc (mesmooooo!)... Novamente a enfermeira Odete disse que antes de eu ir ao wc teria de fazer novo "toque"... Ainda antes de fazer o tal toque, pediu-me para eu fazer força. Achei estranho e, como não queria ter a minha necessidade feita ali, recusei-me a fazê-la ali... Quando ela me diz "Essa dor é para a sua menina nascer. Temos de ir já para a sala de partos!"
Pânico!!!! Senti que o meu relógio andava a 200km/h, porque nem 1h tinha passado, pensava eu...!
"Sala de partos?! Isso é aquela sala onde a bebé nasce?! E onde ficaram as 12h?". Nesse momento tenho registado a última sms para o meu obstetra, às 18h40, a informá-lo que a minha Matilde ia nascer...
A minha cunhada chamou o namorido que tinha acabado de chegar ao carro e de acender a sua cigarrilha. Teve de apagá-la e vir ter comigo às corridas até porque ele também teria de assistir àquele momento em que a nossa filha ia nascer...
Na famosa sala de partos senti-me literalmente um frango no churrasco, daqueles todos abertos que se compram ali no hiper... O namorido estava do meu lado esquerdo a segurar-me a mão e a minha cunhada passou a ser a fotógrafa de serviço. Entre as minhas pernas, lá ao fundo, tinha pelo menos 2 enfermeiras, a D. Odete e uma outra que não fixei o nome e nem me recordo da cara (há coisas que se apagaram da minha memória, com muita pena minha!). 
Dali a nada chega a primeira enfermeira com quem me tinha cruzado quando cheguei ao hospital: a que me fez o inquérito inicial, e ficou ao meu lado direito. Fiquei feliz por ela ter querido estar presente! Gostei dela!
Agora sim, doía mesmo muito e com muita frequência. "Afinal que raio de epidural me deram?!" - pensava eu - "Para aquilo teria de ser administrada dose de cavalo! Que era aquilo?! Era tão frequente e tão incontrolável...".
"Força! Força! Faz força!" diziam-me todas ao mesmo tempo... Precisava de me concentrar e não estava a conseguir! Pedi-lhes para falarem uma de cada vez que eu tinha de me concentrar para fazer força... A enfermeira do inquérito apertava-me delicadamente a barriga para me ajudar a expulsar e a minha bebé nada de sair... Houve, inclusive um momento, que olhei para o namorido e só lhe dizia "Eu não consigo! Eu não consigo!" e ele apenas olhava para mim, com aquele ar preocupado, sem saber o que fazer ou dizer... um ar que eu poucas vezes vi em quase 11 anos de convivência...
Só me lembrava da conversa perigosa que me assombrava "A paralisia cerebral acontece no parto!"... Tinha de por a minha menina para fora o quanto antes... E não estava a conseguir... 
Entretanto, estava lá um médico ou enfermeiro, não sei... só sei que se chamava António, armado em carapau de corrida a dizer que com a sua ajuda é que ia ser! "Olha-me este cromo!", pensei eu, "Quem vai ajudar a minha menina a nascer sou eu, não és tu que vens aqui dar-me socos na barriga para ela sair...". A enfermeira do inquérito disse que não era preciso a ajuda dele que eu conseguia sozinha (ah boca santa! Eu sabia que ela tinha aparecido por algum motivo: ser o meu anjo da guarda!) e assim foi!...

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