Conheci-a no dia em que fui fazer a audição para entrar na tuna... Era uma sala de aula grandinha. Estavam umas quantas a avaliar-me, mas ela não. Ela era pretendente à tuna como eu queria ser. Perguntaram-me o meu nome e eu, à boa maneira micaelense, respondi "Vera". Elas não perceberam à primeira e gozaram com a minha pronúncia (nesse dia e em todos os outros seguintes). Nada que não estivesse à espera... Ela estava lá, mas como era apenas pretendente nunca se pronunciou, não fosse ser praxada por causa disso.
Depois da minha audição, tivemos ensaio. Num dos intervalos do mesmo começamos a falar, se calhar pela solidariedade dela para com a minha condição de pretendente igual a ela e, ainda por cima, "açoriana" no meio de gente do continente, que falava bonito. Houve logo uma empatia entre nós e, nesse mesmo dia convidei-a a ir a uma festa que também eu ia nessa mesma noite - a Festa das Ilhas (falei sobre esta festa aqui), assim como dormir na minha casa, que era logo ali a 3 passos da festa. Ela aceitou e lá fomos nós: 2 perfeitas desconhecidas (ou conhecidas de 2h), pretendentes de uma tuna, para uma Festa que era muito minha e nada a ver com ela... Foi o início de uma enorme amizade! Bendita tuna, bendita festa, bendita noite, bendita amizade!... Nessa noite ela saiu da festa a engatar o sotaque micaelense e se calhar foi esse o click para que a nossa amizade crescesse e permanecesse até hoje...
Depois dessa noite, surgiram muitas outras noites, muitos momentos juntas, muitas aventuras, algumas brigas (irmãos também brigam), mas acima de tudo alimentamos um sentimento entre nós que prevalece mesmo a milhas de distância uma da outra... E o melhor da amizade é isto: mesmo depois de meses sem nos falarmos, mesmo depois de vivermos cada uma num sítio diferente, sempre que nos vemos, parece que falamos ontem e todos os dias... Nada muda entre nós!...
Temos boas e tantas recordações que vou escrever aqui as melhores (não vá um dia sofrer de Alhzeimer e me esquecer!):
- quando éramos ambas pretendentes, ela pedia-me para tocar a mesma música vezes infinitas na viola para ela poder tocá-la na flauta sem dar pregos em palco... como boa amiga que sou, rabujando, claro, mas fazia-lhe sempre a vontade...
- dia de limpeza era dia de Celine Dion... Era ouvir Celine Dion até rebentar... à conta disso, não suporto o timbre da gaja!
- "música gira" significava que Mrs. Paula ia gravá-la em cassete 3 ou mais vezes para poder ouvi-la vezes sem conta sem ter de fazer rewind e play muita vez... chegava a um ponto que já não via aquela música à frente...
- tivemos uma noite em que saímos só as 2 e foi a loucura total, bastávamos estar juntas para nos divertirmos à brava, porque ambas adoramos dançar até doer os pés (par perfeito!)... noutra noite, já eu estava a morar nos Açores, fui com ela e com outra nossa amiga-irmã jantar a Ericeira e depois "O que vamos fazer agora?! Ah já sei, vamos conhecer a noite de Leiria"... e fomos! Nenhuma de nós conhecia Leiria, atenção!
- ela veio visitar-me uma vez e apanhou a mudança de casa dos meus pais (do apartamento para a casa onde vivem ainda hoje) e que remédio tinha ela se não ajudar-nos nas mudanças: na primeira noite que dormimos na casa nova ela também dormiu;
- deixava-me fazer totós no imenso cabelão que ela tinha (e tem) e pentear-lhe sempre que me apetecesse;
- adorava passar um serão com ela daqueles em que estávamos sentadas no sofá, cobertas por um cobertor e um aquecedor também, bem ao lado dos nossos pés;
- reclamava sempre (sempre!) da minha comida, dizia que era picante, mesmo eu pondo só um bocadinho de pimenta cá da ilha por causa dela, mas sempre que enchia o prato nunca mais se ouvia ela a falar até terminar de comer (ela gostava não queria era dar o seu braço a torcer!);
- tivemos 2 discussões muito caricatas: uma sobre a canja (eu dizia que era feita com arroz e ela dizia que era com massa - hoje sei que pode ser feita das 2 maneiras) e outra sobre as castanhas (ela dizia que se ponha açúcar... eu ainda hoje nunca ouvi falar nisso!);
- fomos grandes parceiras sempre, mas especialmente na semana dos caloiros a que assisti (no meu 4º ano, em 1999): onde ia uma, ia a outra e fomos o braço direito uma da outra, para o que fosse preciso (e foi preciso algumas vezes ahahaha)...
Hoje ela é uma pessoa renovada, diferente... Se antes ela adorava um sofá, hoje ela é uma atleta cheia de power e speed... Se antes era uma boa dona de casa, hoje ela é mais uma mulher independente, ativa e trabalhadora, daquelas que se estão a emancipar no nosso século (e ainda bem!)... Há uma coisa que ela nunca muda: a sua grande vontade de tagarelar e de dançar, de estar com amigos e de fazer a festa (e ainda bem!)...
A vida dela não é a minha vida, mas desejo o mesmo que desejo para mim: o melhor possível... Sei que posso contar sempre com ela, assim como ela pode contar sempre comigo...
Deixo aqui uma música que sempre que oiço é ela que me vem ao pensamento, porque, podem acreditar, ela fez-me ouvi-la milhentas vezes ("milhentas" acho que é muito pouco para a quantidade de vezes que ouvi!):
Hoje ela faz anos e por isso merece todo este texto (e mais algum que pudesse escrever!), toda a minha dedicação, todo o meu carinho e toda a minha amizade. Eu não tenho irmãs, mas a minha Paulinha e a nossa relação é, sem dúvida nenhuma, o melhor conceito de "irmã" que eu podia ter na minha vida.
Que pena que estamos tão longe uma da outra...
Depois da minha audição, tivemos ensaio. Num dos intervalos do mesmo começamos a falar, se calhar pela solidariedade dela para com a minha condição de pretendente igual a ela e, ainda por cima, "açoriana" no meio de gente do continente, que falava bonito. Houve logo uma empatia entre nós e, nesse mesmo dia convidei-a a ir a uma festa que também eu ia nessa mesma noite - a Festa das Ilhas (falei sobre esta festa aqui), assim como dormir na minha casa, que era logo ali a 3 passos da festa. Ela aceitou e lá fomos nós: 2 perfeitas desconhecidas (ou conhecidas de 2h), pretendentes de uma tuna, para uma Festa que era muito minha e nada a ver com ela... Foi o início de uma enorme amizade! Bendita tuna, bendita festa, bendita noite, bendita amizade!... Nessa noite ela saiu da festa a engatar o sotaque micaelense e se calhar foi esse o click para que a nossa amizade crescesse e permanecesse até hoje...
Depois dessa noite, surgiram muitas outras noites, muitos momentos juntas, muitas aventuras, algumas brigas (irmãos também brigam), mas acima de tudo alimentamos um sentimento entre nós que prevalece mesmo a milhas de distância uma da outra... E o melhor da amizade é isto: mesmo depois de meses sem nos falarmos, mesmo depois de vivermos cada uma num sítio diferente, sempre que nos vemos, parece que falamos ontem e todos os dias... Nada muda entre nós!...
Temos boas e tantas recordações que vou escrever aqui as melhores (não vá um dia sofrer de Alhzeimer e me esquecer!):
- quando éramos ambas pretendentes, ela pedia-me para tocar a mesma música vezes infinitas na viola para ela poder tocá-la na flauta sem dar pregos em palco... como boa amiga que sou, rabujando, claro, mas fazia-lhe sempre a vontade...
- dia de limpeza era dia de Celine Dion... Era ouvir Celine Dion até rebentar... à conta disso, não suporto o timbre da gaja!
- "música gira" significava que Mrs. Paula ia gravá-la em cassete 3 ou mais vezes para poder ouvi-la vezes sem conta sem ter de fazer rewind e play muita vez... chegava a um ponto que já não via aquela música à frente...
- tivemos uma noite em que saímos só as 2 e foi a loucura total, bastávamos estar juntas para nos divertirmos à brava, porque ambas adoramos dançar até doer os pés (par perfeito!)... noutra noite, já eu estava a morar nos Açores, fui com ela e com outra nossa amiga-irmã jantar a Ericeira e depois "O que vamos fazer agora?! Ah já sei, vamos conhecer a noite de Leiria"... e fomos! Nenhuma de nós conhecia Leiria, atenção!
- ela veio visitar-me uma vez e apanhou a mudança de casa dos meus pais (do apartamento para a casa onde vivem ainda hoje) e que remédio tinha ela se não ajudar-nos nas mudanças: na primeira noite que dormimos na casa nova ela também dormiu;
- deixava-me fazer totós no imenso cabelão que ela tinha (e tem) e pentear-lhe sempre que me apetecesse;
- adorava passar um serão com ela daqueles em que estávamos sentadas no sofá, cobertas por um cobertor e um aquecedor também, bem ao lado dos nossos pés;
- reclamava sempre (sempre!) da minha comida, dizia que era picante, mesmo eu pondo só um bocadinho de pimenta cá da ilha por causa dela, mas sempre que enchia o prato nunca mais se ouvia ela a falar até terminar de comer (ela gostava não queria era dar o seu braço a torcer!);
- tivemos 2 discussões muito caricatas: uma sobre a canja (eu dizia que era feita com arroz e ela dizia que era com massa - hoje sei que pode ser feita das 2 maneiras) e outra sobre as castanhas (ela dizia que se ponha açúcar... eu ainda hoje nunca ouvi falar nisso!);
- fomos grandes parceiras sempre, mas especialmente na semana dos caloiros a que assisti (no meu 4º ano, em 1999): onde ia uma, ia a outra e fomos o braço direito uma da outra, para o que fosse preciso (e foi preciso algumas vezes ahahaha)...
Hoje ela é uma pessoa renovada, diferente... Se antes ela adorava um sofá, hoje ela é uma atleta cheia de power e speed... Se antes era uma boa dona de casa, hoje ela é mais uma mulher independente, ativa e trabalhadora, daquelas que se estão a emancipar no nosso século (e ainda bem!)... Há uma coisa que ela nunca muda: a sua grande vontade de tagarelar e de dançar, de estar com amigos e de fazer a festa (e ainda bem!)...
A vida dela não é a minha vida, mas desejo o mesmo que desejo para mim: o melhor possível... Sei que posso contar sempre com ela, assim como ela pode contar sempre comigo...
(a foto que marcou a 3ª vinda dela a S. Miguel)
Hoje ela faz anos e por isso merece todo este texto (e mais algum que pudesse escrever!), toda a minha dedicação, todo o meu carinho e toda a minha amizade. Eu não tenho irmãs, mas a minha Paulinha e a nossa relação é, sem dúvida nenhuma, o melhor conceito de "irmã" que eu podia ter na minha vida.
Que pena que estamos tão longe uma da outra...
(aqui estou eu com as minhas amigas-irmãs (Paula e Sofia). Eu com a M. na barriga e a Sofia com o T. na barriga)
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