quinta-feira, 29 de setembro de 2016

As nossas visitas ao Lar...

Já disse aqui que tenho consciência que poderia ter ido visitar a minha avó mais vezes ao Lar do que as vezes que fui...
A minha M., depois de alguns meses de vida, começou a acompanhar-me ao lar para visitar a avó Maria dos Anjos. Ela nunca gostou de lá ir. Acho que ficava com medo dos velhinhos que estavam acamados e a gemer. Ela dizia que a "avó tinha doi dóis na peninha e nas mãozinhas" e, como por milagre, aceitava ir ver a avó velhinha sempre. Ela foi a única bisneta que a minha avó conheceu. 
Que me lembre, a minha avó nunca gostou de ser "avó"! E muito menos gostou de ser "bisavó"! Ela sempre adorou os netos todos e a bisneta então, ela vibrava a olhar para ela. Eram os termos "avó" e "bisavó" que a assustava. Significava que ela era já velhinha e ela nunca quis ser velhinha (nem nunca o admitiu!). Ela, inclusive, dizia que não gostava de estar no Lar, porque estava cheio de velhinhos, como se ela fosse a pessoa mais jovem na face da terra.

À parte disso, sei que a minha avó gostava de mim... que adorava a minha filha... que nos últimos 2 anos e meio a minha M. era "a sua menina", a alegria dela, era quem a fazia sorrir. Dizia repenicado "querida, querida, querida" (sempre por 3 vezes seguidas!). A M. chegava, dáva-lhe um beijinho e depois era um tal tagarelar com ela. Mexia nas 2 únicas fotografias que estavam na mesinha de cabeceira da avó (a dela e a da tia Dídia!). Dizia quem eram. Sorria. A avó chorava de rir quando a ouvia cantar e quando ela fingia que lhe pintava as unhas com a chave do carro. A minha avó exibia toda orgulhosa a bisneta para toda a gente que passasse lá perto de nós. Ela não queria ser "avó" ou "bisavó", mas ela queria-nos muito bem... Disso tenho a plena certeza!





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