sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Já se passaram 5 anos...

Tudo começou na minha visita ao Canadá no verão de 1996. Encontrei um gatinho tigrado amarelo bebé de olhos amarelos com raios azuis, de quem cuidei durante uns dias e fiz pressão junto dos meus pais para trazê-lo para casa, mas eles não quiseram pela logística toda que isso implicava. O meu primo mais pequenino, que também gostava de gatos, ficou com ele. Nunca me esqueci desse gatinho!
Em Maio de 2000, na loja de animais do Centro Comercial do Colombo (onde eu parava sempreeee antes de subir para as lojas para ver os animais!), havia lá um gatinho igual (igual!) àquele que tinha encontrado no Canadá, mas já tinha dono. No entanto, havia lá um anúncio de gatinhos tigrados em Casa de Cambra. Liguei e combinei com a senhora vê-los. Eram 4 na porta bagagem de um carro. Um deles tinha as 4 patinhas brancas e, como foi o que mais interagiu comigo (e era parecido ao do Canadá!), escolhi-o para o levar para casa.
Na altura morava em Telheiras, num apartamento com mais 3 pessoas. Falei com elas previamente para saber se gostariam de partilhar o apartamento com um animal. Nenhuma rejeitou a ideia e por isso mais força me deu para ficar com o tal gatinho. Éramos todos uma autêntica família e elas adoravam-no tal como eu!
Chamei-o de Shooby. Quando o levei para casa, ainda nem tinha 1 mês feito, por isso ainda cheguei a dar-lhe biberão. Cabia na palma da minha mão. Em bebé levava-o para todo o lado dentro do meu casaco (às vezes dentro da própria algibeira!). Como viajava com muita frequência (vida de estudante no continente tem destas coisas), comprei-lhe uma mala de viagem e uma trela, para ele poder andar livre pelo aeroporto, mas sem fugir! Para se habituar à trela e aos barulhos de rua, ia muitas vezes passear com ele para jardins e sítios públicos. Ele parecia um autêntico cão. Seguia-me para todo o lado, vinha quando o chamava. O dia mais feliz para ele era no dia de limpezas lá de casa, pois podia brincar com todo o objeto que caísse no chão, fosse ele papel, caneta, elástico de cabelo (dava sumiço a todos os elásticos que encontrava lá por casa!), sacos de plástico, vassouras,...
Desde essa altura fez comigo todas as viagens de avião. As pessoas, ao vê-lo de trela, admiravam-se com a postura dele, pois ou ia ao lado do carrinho das malas ou ia em cima delas, tipo Lord Shooby!... Ele andava muito de carro comigo. Às vezes até o levava para o trabalho (fazia umas horitas em 2 creches) e deixava-o com água e comida dentro do carro (que estacionava sempre numa sombrinha, nem que para isso eu tivesse de andar mais...) e depois ia passear com ele. No carro portava-se como um autêntico cão também. Ponha a cabeça de fora do vidro (nos dias de mais calor até ponha a língua de fora, como os cães!), ia lá atrás ou em cima do tablier à frente. Cheguei a ter operações de stop que não eram feitas porque achavam imensa piada ao gato ali todo imponente no nosso carro e o dever ficava por cumprir...
Quando fui viver para Mafra (1 ano) levei-o comigo (com a concordância da minha senhoria que tinha um Jardim Zoológico em casa!) e lá ele foi feliz, apesar dos 4 cães da minha senhoria com quem ele teve de conviver. À parte disso, tinha um pinhal inteiro para explorar e uma casa (a nossa!) para tomar conta (ele agia como se fosse um cão a defender a nossa casa dos animais da minha senhoria, pois nenhum deles se atrevia a entrar lá quando ele se ponha sentado à porta da rua, tipo cão de loiça!).
Em casa dos meus pais era sempre sinónimo de festa, andava pelo quintal livre (e pelo quintal dos vizinhos), mas quando eu o chamava, lá vinha ele (como se de um cão se tratasse!).
Foi castrado por isso cresceu muito. Sempre foi muito ativo até ficar velhinho... Não gostava muito de colo (para infelicidade minha!) mas adorava estar na nossa companhia, acompanhava-nos sempre por todo o lado (inclusive para a casa de banho!)...
Dormia aos meus pés na cama e, nos dias que me sentia mais em baixo, parecia que ele pressentia, pois chegava-se para mais perto e dormia perto da minha barriga. Se me mexesse durante a noite ele acordava e depois aninhava-se novamente ali pertinho de mim. De manhã quando acordávamos, ele começava a miar e só parava até que lhe déssemos comida. Era muito comilão!
Não podia ver a porta da rua aberta, pois quando a via, parecia um jato a sair para fora! Adorava estar ao ar livre, nem que fosse apenas para ver a vida a acontecer.
No dia do meu casamento fiz questão de tirar uma fotografia com ele (e com os restantes animais, claro, mas ele era o "master"!). Tenho pena que ele não tenha conhecido a minha M., provavelmente ela ia adorar brincar com ele. Se calhar ele já não teria tanta paciência para os apertões dela, mas gostava de ter uma fotografia deles os 2...
Por ter levado a vacina da raiva quando era pequenino, pois viajava muito e o veterinário dele de Lisboa achou por bem dar (ainda hoje não percebo porquê e ainda bem que essa lei já não existe!), teve muita vez quistos no lombo, próximo da coluna... De todas as vezes tivemos de submetê-lo a cirurgias de remoção. Em todas elas ele resistiu e conseguiu superar, até à última de todas, em que o veterinário e meu amigo Pedro me disse que daquela vez era diferente, porque não sabia se ele voltaria a andar e nem garantia boa qualidade de vida... Foi das decisões mais difíceis que tive de tomar na vida e a que me custou mais...

Foi há 5 anos que perdi um dos meus mais fiéis companheiros... o meu gato! O meu Shooby!
 


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