Passados 15 dias da morte da minha avó, decidi falar-vos novamente sobre ela...
A minha avó não tinha um feitio fácil... nunca teve... Era verdadeiramente complicado lidar com ela. Nem todas as pessoas estavam dispostas a ouvir certas coisas que ela dizia. Por mais que às vezes ficasse triste ou chateada com ela pelo que dizia e pelas atitudes que tinha, ela era a minha avó e com ela vivi aos primeiros 15 anos da minha vida. Apesar de tudo, eu sempre gostei muito, muito dela, e tenho muitas e boas recordações dela.
A estadia dela no Lar foi fruto de uma série de situações que ela própria causou. Sempre que adoecia, quem tomava conta dela era a minha tia, que infelizmente partiu subitamente em 2010. Nem sempre a minha avó foi merecedora da dedicação e dos cuidados da minha tia. Em 2008, com a minha mãe fora com o meu irmão pelo grande susto que tivemos, a minha avó vivia sozinha no seu apartamento. O meu pai arranjou quem lhe fosse deixar comida todos os dias e quem lhe fosse ajudar no banho. Não foi nem uma nem duas vezes que fomos encontrá-la caída no chão. Uma das vezes fui eu que fui ajudá-la pois o meu pai estava ausente da ilha. Tinha tentado tomar banho sozinha e caiu na casa de banho e lá ficou, provavelmente por 24h. Ela já não dizia coisa com coisa e estava completamente gelada e eu, perante aquele cenário, pensei que ela não fosse sobreviver... Ela sobreviveu e não tivemos outra alternativa que não fosse o Lar... Ela nunca gostou de estar no Lar e, teimosa como era, nunca fez nada por gostar, por se enturmar, por colaborar para a boa estadia dela lá. Contavam-se pelos dedos os amigos dela do Lar e mesmo esses iam partindo com o tempo, até que ela ficou sozinha, sem amigos, sempre olhando o vazio...
Tenho consciência que poderia ter ido visitá-la mais vezes. Não é fácil estar no Lar, principalmente, se não fazemos nada para nos sentirmos vivos (como ela nunca fez!). Nestes 8 anos que ela lá esteve o meu pai foi o filho, o herói, o pai, o amigo, o companheiro. Ele estava com ela, nem que fosse 15 minutos, praticamente todos os dias. Mesmo sem ela o merecer muitas vezes, o meu pai nunca abandonou a sua mãe. Ele ficou do lado dela até o último dia. Durante estes últimos 8 anos, o meu pai foi, para mim, uma enorme inspiração. Quem dera todos os pais/mães terem filhos como o meu pai é/foi!...
Agora sei que os últimos anos de vida da minha avó foram vividos como que ela própria a reconciliar-se com a sua própria vida. Ela já não era a pessoa que foi. Ela estava diferente, calma, serena e assim permaneceu até durante a morte. Já só queria ouvir a sua bisneta a sorrir e a andar pelos corredores a cantarolar. Há apenas uma coisa que ela nunca perdeu até ao fim: o seu sorriso. Às vezes, ela chorava de tanto rir. Ela tinha um sorriso gigante e é este que vou guardar na minha memória para sempre. Pelo tanto que ela sofreu, acredito que os seus pecados foram perdoados e que ela está lá no céu, junto do seu marido, filhas, irmão e pais, os entes que ela tinha perdido e que mais amou durante toda a sua vida...
A minha avó não tinha um feitio fácil... nunca teve... Era verdadeiramente complicado lidar com ela. Nem todas as pessoas estavam dispostas a ouvir certas coisas que ela dizia. Por mais que às vezes ficasse triste ou chateada com ela pelo que dizia e pelas atitudes que tinha, ela era a minha avó e com ela vivi aos primeiros 15 anos da minha vida. Apesar de tudo, eu sempre gostei muito, muito dela, e tenho muitas e boas recordações dela.
A estadia dela no Lar foi fruto de uma série de situações que ela própria causou. Sempre que adoecia, quem tomava conta dela era a minha tia, que infelizmente partiu subitamente em 2010. Nem sempre a minha avó foi merecedora da dedicação e dos cuidados da minha tia. Em 2008, com a minha mãe fora com o meu irmão pelo grande susto que tivemos, a minha avó vivia sozinha no seu apartamento. O meu pai arranjou quem lhe fosse deixar comida todos os dias e quem lhe fosse ajudar no banho. Não foi nem uma nem duas vezes que fomos encontrá-la caída no chão. Uma das vezes fui eu que fui ajudá-la pois o meu pai estava ausente da ilha. Tinha tentado tomar banho sozinha e caiu na casa de banho e lá ficou, provavelmente por 24h. Ela já não dizia coisa com coisa e estava completamente gelada e eu, perante aquele cenário, pensei que ela não fosse sobreviver... Ela sobreviveu e não tivemos outra alternativa que não fosse o Lar... Ela nunca gostou de estar no Lar e, teimosa como era, nunca fez nada por gostar, por se enturmar, por colaborar para a boa estadia dela lá. Contavam-se pelos dedos os amigos dela do Lar e mesmo esses iam partindo com o tempo, até que ela ficou sozinha, sem amigos, sempre olhando o vazio...
Tenho consciência que poderia ter ido visitá-la mais vezes. Não é fácil estar no Lar, principalmente, se não fazemos nada para nos sentirmos vivos (como ela nunca fez!). Nestes 8 anos que ela lá esteve o meu pai foi o filho, o herói, o pai, o amigo, o companheiro. Ele estava com ela, nem que fosse 15 minutos, praticamente todos os dias. Mesmo sem ela o merecer muitas vezes, o meu pai nunca abandonou a sua mãe. Ele ficou do lado dela até o último dia. Durante estes últimos 8 anos, o meu pai foi, para mim, uma enorme inspiração. Quem dera todos os pais/mães terem filhos como o meu pai é/foi!...
Agora sei que os últimos anos de vida da minha avó foram vividos como que ela própria a reconciliar-se com a sua própria vida. Ela já não era a pessoa que foi. Ela estava diferente, calma, serena e assim permaneceu até durante a morte. Já só queria ouvir a sua bisneta a sorrir e a andar pelos corredores a cantarolar. Há apenas uma coisa que ela nunca perdeu até ao fim: o seu sorriso. Às vezes, ela chorava de tanto rir. Ela tinha um sorriso gigante e é este que vou guardar na minha memória para sempre. Pelo tanto que ela sofreu, acredito que os seus pecados foram perdoados e que ela está lá no céu, junto do seu marido, filhas, irmão e pais, os entes que ela tinha perdido e que mais amou durante toda a sua vida...
Sem comentários:
Enviar um comentário