terça-feira, 27 de setembro de 2016

Estas sim são praxes giras!

Já que estamos numa altura de início de aulas, vou escrever sobre as praxes que se fazem na Universidade Autónoma de Lisboa, que frequentei 6 anos da minha vida. Já vos contei algumas situações da minha entrada na UAL aqui, aqui e aqui. E, se leram com atenção, sabem que entrei mais tarde na Universidade, já depois da época das praxes. Ora bem... Óbvio que estava cheia de medo de ser praxada (ÓBVIO!), ouvia sempre histórias macabras, mas sempre tinha na cabeça a teoria de que, mesmo que fosse praxada, ao menos ninguém me conhecia naquela enorme cidade (pensava eu!), embora soubesse que ia ficar rotulada por causa da minha pronúncia e, caso fizesse figurinhas tristes, todos se iriam recordar que tinha sido a "açoriana"!... Infelizmente (ou felizmente pensava eu na altura!) não apanhei as praxes! Se calhar hoje teria boas recordações dessa altura...

Além de não ter sido praxada na Universidade (só o fui pela tuna!), também nunca assisti à época de praxes, pois ia para Lisboa sempre o mais tarde possível, exceto no meu último ano de universidade propriamente dita, o meu 4º ano. Fiz questão de ir mais cedo e, com uma amiga minha, a minha amiga-irmã Paula, acompanhei a época das praxes da UAL, só para ver como é que funcionava a coisa!... Foi exatamente nesse ano que me arrependi de nunca ter participado nas praxes da UAL! As praxes lá são (ou pelo menos eram na altura!) tão criativas, tão giras e tão originais que aconselho vivamente a todos os que queiram ir lá assistir (não sei se continua a mesma coisa, mas pronto, tentem!). Óbvio que existem aquelas cenas de pintar os caloiros e pedidos de danças estranhas e tal, mas não há cortes de cabelos ou abusos de trabalhos domésticos ou pedidos menos simpáticos como rebolar num pasto cheio de cóco de vaca, etc (como já ouvi que fazem cá na Universidade dos Açores). 

A semana de recepção aos caloiros na UAL é uma semana super preenchida. Todos os dias há um evento especial, com direito a concurso e tudo, que os caloiros, depois de alguns ensaios, apresentam. - há o dia da "Chuva de Caloiros", onde eles, por cursos, fazem playback e dançam em cima de um palco; 
- noutro dia é a "Gala dos Pequenos Caloiros", onde eles, também por cursos, mudam a letra de uma música conhecida para uma letra que eles inventam que normalmente fala do curso que escolheram;
- depois há outro dia que é a Mega Festa do Caloiro, que normalmente, ou é numa discoteca alugada para o efeito, ou mesmo lá na Universidade, onde as tunas tocam e todos dançam a noite inteira; 
- há também o dia do Tribunal de Praxes, que é uma réplica a um tribunal de verdade e onde se aplicam castigos aos caloiros que se portaram mal ou que desobedeceram a alguma ordem recebida durante aquela semana (os castigos não são nada de especial!); 
- além de todos os dias haver convívios no bar da universidade, onde os caloiros são os acompanhantes dos veteranos e quem lhes vai buscar a comida/bebida;
- e há o dia do Cortejo e Batismo dos Caloiros e esse é um dia que exige muito do fígado de cada um. Todos os caloiros divididos pelos vários cursos que existem, e os veteranos que os queiram acompanhar, saem da UAL em direção ao Rossio, onde acontece o Batismo, lá naquele chafariz que existe lá no centro, mesmo em frente ao Teatro D. Maria, mesmo ao lado da Ginginha. O caminho é feito com algumas paragens para os caloiros repetirem algumas frases e fazerem cânticos pelos cursos de cada um. Ao chegar ao Rossio, cada caloiro, junto com sua madrinha/padrinho aproxima-se do chafariz e é batizado por eles. Há madrinhas/padrinhos mais simpáticos que só molham a cabeça do caloiro e há aqueles que querem que o seu caloiro entre para o poço, por isso além da cabeça também molha as pernas. Depois disso, como todo o batismo que se preze, há a festa, que é feita ali  mesmo ao lado, junto à ginginha, até que o fígado e estômago aguentem. Nesse dia, muitos acham mais prudente (e é mesmo melhor!), ir de táxi para casa.



Deixo aqui alguns vídeos para que possam ter uma ideia de como se fazem as praxes na UAL:
Exemplo de praxe de caloiros do curso de Gestão

Exemplo de um Tribunal de Praxe - este em 1994

Exemplo do concurso "Chuva de Caloiros" - este, do curso de Direito, ganhou o 1º lugar, em 2007

Mega Festa do Caloiro 2009

Exemplo do Cortejo dos Caloiros de 1993

A UAL tal como ela é!

4 comentários:

  1. Eu não tenho grande simpatia pelas praxes, por todas as coisas más associadas a elas embora saiba que as coisas más acontecem por causa das pessoas associadas a elas não pelas praxes em si.
    No meu tempo de caloira, tinha eu 17 anos, fui praxada na universidade em que andei, em Santarém e tenho excelentes recordações desse tempo. Foi uma excelente forma de conhecer pessoas e de me divertir. Existiram pessoas que não levaram aquilo tão na boa e choraram e sentiram-se mal mas, felizmente, apesar de ter tido alguns momentos de tensão, ultrapassei-os bem e acabei por me divertir mesmo muito. Só tenho boas memórias das praxes. Mas depois não praxei ninguém porque não tenho mesmo espírito para isso.
    No meu tempo, eu e outras duas colegas fomos as "caloiras do ano", as que "sofreram mais" e se portaram melhor. Isso tudo porque éramos de Alpiarça e as pessoas de Alpiarça não tinham muito boa fama (juro que não faço ideia do porquê). :P

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Heheheh... eu não fui praxada na universidade, mas praxei ahahaha :P

      Eliminar
  2. Só tenho boas memórias das praxes, dos amigos que se fazem, das cumplicidades, do que eu me ria! Obrigada pela recordação

    ResponderEliminar