sábado, 18 de junho de 2016

A odisseia dos primeiros 3 dias de amamentação

Depois de ler isto, rebobinei na minha cabeça a cassete da minha experiência com a amamentação nos primeiros meses da minha filha.
Ora bem... antes de ter a minha filha, "amamentação" era um assunto que me causava alguma impressão. Bastava estar lá no trabalho e lá de vez em quando as colegas já mães iam comentando uma a uma como tinha sido a experiência e aquilo já me dava voltas ao estômago! Se há coisa que considero ser uma falta de classe e educação é que chamem às pessoas nomes de animais, principalmente "vaca" a uma menina/senhora. Tem um tom horrivelmente mau. E toda aquela conversa de "leite" para um lado e para o outro transportava-me para uma sala enorme de ordenha... Não era bem um cenário aprazível para mim, principalmente porque eu estava grávida e não sabia bem como ia ser comigo...
Quando me perguntavam se ia amamentar, eu respondia (e pensava) que ia ser o que tivesse que ser. Muitas pessoas torciam o nariz à minha resposta e não acreditavam que eu ia aguentar sequer 1 dia... Algumas comentavam isso mesmo e outras não. Eu mantinha-me calada e, mentalmente fui me preparando para amamentar, como também para não o fazer. Ia experimentar e se não corresse bem, não me ia massacrar por causa disso... 
Quando ela nasceu, depois dos procedimentos normais, colocaram-na no meu colo e perguntaram-me se eu ia amamentar. Eu respondi que ia tentar, mas que não sabia se tinha já o dito cujo disponível... A partir desse momento iniciou-se a odisseia da amamentação... Ala maminha para fora e a boquinha da bebé lá permaneceu... A primeira experiência até não correu mal... era uma sensação estranha, até porque nunca tinha passado por isto, mas ao mesmo tempo que era estranha, foi um momento lindo: alimentar a minha filha. Nunca pensei dizer isto! Todas as outras vezes que ela mamou no hospital correram sempre bem, umas vezes ela queria dormir mais do que comer, mas no geral, com a ajuda das enfermeiras que por lá passavam, a coisa ia correndo bem...

No dia que viemos para casa, na nossa primeira noite juntos na nossa casa é que foi o despoletar de um cenário que não desejo sequer ao meu pior inimigo, mesmo que o tivesse. A "subida do leite"! Essa malvada! Nessa noite e no dia seguinte eu só pensava "antes ter 10 filhos seguidos, do que isto!"... A meio da noite, numa das vezes que estava com ela ao colo (não me lembro se antes ou depois dela mamar), deu-me hipotermia. Não sabia bem o que era aquilo, mas a minha reação foi sentar-me na cama, colocar a M. ao meu lado, para não deixá-la cair, e enroscar-me no edredão. Nesse momento, o namorido abraçou-nos no sentido de me aquecer de alguma forma e assim ficamos os 3. A coisa acalmou depois de uns minutos... Ainda tive mais uma hipotermia algures no dia seguinte, mas não tão forte e esquisita como esta...

No dia seguinte... oh God, em vez de maminhas (que tinham crescido durante a gravidez de forma considerável) tinha mamonas ainda maiores e duras como pedras. Uma espécie de caminho agrícola, cheio de pedregulhos, uns mais pequenos e outros maiores... Doíam como o raio! Nem as podia tocar... E, ao longo do dia, foi piorando, piorando, porque a bebé só queria dormir. Ponha-a para beber leite e ela nada... Pudera, nesse dia andou de colo em colo, queria era a boa festa e a mãe que se lixasse... Fui ao duche, pus os ditos paninhos quentes e nada (NADA!) resolvia aquele tormento... Até suores frios tive...Pedia encarecidamente uma bomba para tirar leite (porque eu não tinha comprado, pois não sabia se ia ou não amamentar e uma bomba de leite ainda custa caro!). Lá consegui uma no fim da tarde que a nossa amiga R. disponibilizou. Apesar da falta de jeito, lá saiu qualquer coisa, mas mesmo assim não resolveu o problema... Só ficou verdadeiramente resolvido quando ela, pelas 19h decidiu comer como deve ser... Por mais que tente explicar, não vão conseguir perceber o alívio que senti naquele exato momento... Muito melhor do que aquela sensação de fazer xixi quando estamos muito, muito, muito apertadinhos...

No único momento que consegui fazer com que ela bebesse leite (finalmente!), estava eu sozinha em casa, com ela, e a campainha toca... eu nem conseguia mexer-me para ir abrir a porta, não fosse ela rejeitar a amamentação (não podia conceber sequer a ideia de recomeçar tudo do zero!)... Eram as primas R. e B. que a vinham ver e, até hoje, fico com o coração pequenino só de pensar que não lhes consegui abrir a porta...

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