sexta-feira, 10 de junho de 2016

Camões na minha vida... desde 1992

A primeira vez que lidei com Camões (o poeta mesmo) foi no meu 9º Ano de escolaridade. Os Lusíadas era uma obra que tínhamos que estudar. Ora, digamos que miúdos de 13/14 anos a estudar Camões e Os Lusíadas, óbvio que não ia dar bom resultado. Mas se calhar sou a única a ver isso, talvez porque o senti na pele. Eu simplesmente detestei! As aulas de Português eram um autêntico tédio para mim (que sempre adorei a disciplina)... Ainda consigo imaginar-me sentada à frente do professor (que por acaso era um padre com voz monocórdica e ar autoritário para tornar a situação ainda mais dramática) e dele ler alguns excertos e depois pedir-nos para lermos nós algumas estâncias... Digo-vos, eu não conseguia sequer perceber metade do que estava lá escrito, mas lá me fui desenrascando, graças aos resumos dos livros "amarelinhos", que me ajudaram a ter uma noção do que se tratava e até achei a história ligeiramente interessante. Quando terminamos de estudar Os Lusíadas pensava que nunca mais tinha de lhe colocar a vista em cima, mas estava enganada...

Não me lembro de ter estudado Camões no secundário. Se estudei não foi traumatizante. Se calhar estudei a parte lírica de Camões que é bem mais soft que Os Lusíadas...

Em 1996, fui viver para Lisboa, curiosamente para a Rua Luís de Camões, onde permaneci durante 3 anos, e inscrevi-me na Universidade Autónoma de Lisboa "Luís de Camões"! Conseguem encontrar semelhanças?! Ao longo do curso fui-me aproximando cada vez mais do Português e da Língua Portuguesa, afinal de contas, se algum dia concorresse para dar aulas nunca poderia leccionar 2 línguas ao mesmo tempo, até porque são grupos diferentes: ou seria professora de Português ou professora de Inglês. E foi por causa deste fator (e também pelos péssimos professores de Inglês que tive na Universidade a partir do 2º ano) que decidi engrenar pela área do Português. Assim, a partir de certa altura, as cadeiras opcionais que escolhia eram todas viradas para o Português. No 4º Ano não havia muita escolha: ou era uma cadeira da vertente inglês (que já não me recordo qual era!) ou era a cadeira chamada Estudos Camonianos (!!!) e, perante este cenário quase que tive um ataque cardíaco com a ideia da possibilidade de ter que levar com Camões um ano letivo completo. O professor da cadeira era o reitor da Universidade da altura, o Prof. Justino Mendes de Almeida, um grande senhor e professor (só tenho boas recordações dele!) e, na sua simplicidade, na sua forma de falar de Camões, no "amor" que demonstrava ter por toda a obra deixada por Luís de Camões, conseguiu fazer-me gostar de Camões e d'Os Lusíadas, como mais nenhum outro professor. Já li Os Lusíadas algumas vezes e já dei explicações e aulas sobre esta obra. Espero ter conseguido fazer com que os meus alunos/explicandos não sentissem aversão a Camões como eu própria senti da primeira vez que tive de estudá-lo.



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