quinta-feira, 9 de junho de 2016

Festejar o Santo António, o de Nordestinho

Vivi toda a minha infância, e até aos meus 15 anos, num lindo lugar (que hoje é freguesia) chamado Santo António Nordestinho. Na altura, se bem me recordo, viviam à volta de 300 pessoas mais ou menos (hoje não sei quantas pessoas vivem...). Toda a gente se conhecia. Brincava na casa dos vizinhos e também com a maioria das crianças das redondezas. Às vezes também comia em casa dos vizinhos (não que me faltasse comida em casa, porque graças a Deus nunca me faltou, mas a comida do vizinho é sempre melhor que a nossa!)...

Na altura, pelo que me lembro, havia sempre festa do padroeiro. Aliás, para a pequenez da freguesia, até éramos bastante ativos. Tínhamos as festas escolares de final dos períodos, que eram feitas no palco do Clube Desportivo de Nordestinho. Tínhamos uma boa equipa de futebol, que mexia com toda a freguesia e arredores. O domingo era dia santo: todos iam à missa e às 15h lá estávamos no campo a ver o Nordestinho a jogar futebol. Se o jogo era fora da freguesia, muitos acompanhavam a equipa... Passei a minha infância nisto.
Fazíamos fogueiras pelo S. João. Enfeitávamos as fontes da freguesia. Mas a fogueira de verdade era no Calvo (a zona mais alta da freguesia, a caminho do mato!). Os destemidos pulavam às fogueiras e havia música e bailaricos. Na Passagem de Ano, Natal e Carnaval haviam sempre bailes. As pessoas aderiam muito. Dançava-se pela noite dentro. Lembro-me que eu era pequenina e, quando estava cansada, deitava-me muitas vezes em 2 ou 3 cadeiras  que eu própria encostava umas às outras. Queria era estar na festa com as pessoas grandes e, claro, com os meus pais. Graças a Deus os meus pais sempre me levaram para todo o lado.
Nas festas da freguesia, lembro-me que todos os dias era dia de ir para a festa. Não havia muito para fazer, mas andávamos para baixo e para cima constantemente. Muitas pessoas aderiam à festa, mas a maioria concentrava-se na barraca das festas. A procissão costumava ser simples e linda. O ano passado, depois de muitos anos, regressei às festas e vi novamente a procissão. A saída do padroeiro foi um momento muito especial para mim. Nunca pensei... Depois de tantos anos, ver Santo António sair da igreja foi, sem dúvida, o melhor momento daquele dia. Pude recordar quando também eu ia na procissão vestida de anjinho (sempre sem asas, porque diziam que magoava e eu nunca quis arriscar!) ou de comunhão juntamente com o meu pai e meu avô, que sempre foram muito participativos.

Hoje, pelo que vou sabendo pelo facebook, há a intenção de retomar todas as tradições do passado (e ainda bem! Parabéns ao trabalho da Junta de Freguesia neste sentido!) e sinto que a população voltou a estar mais participativa na comunidade. É uma freguesia de boa gente e de gente simples que nos trata de forma familiar. Eu sou também uma pessoa simples e muito mais feliz por ter feito parte de uma freguesia pequenina, mas tão aconchegante como esta. É por este motivo que faço sempre questão de nunca perder motivos para lá voltar...

Este ano a festa do padroeiro vai ser rija! Caso queiram participar, e presenciar o que vos escrevi, deixo-vos aqui o programa...


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