Eu não trabalho num hospital, mas gostava. Gostava de ter tido vocação para a medicina. O mais próximo que estive da medicina foi quando, em pequenina, me lembrei que queria ser veterinária, mas depois disseram-me que teria que dar injeções aos pobre cãezinhos e gatinhos e depressa desisti da ideia...
Nunca tive muita coragem para lidar com mortes (até há bem pouco tempo só tinha tido coragem para ver um morto na minha vida, a minha tia L., talvez por ser muito novinha e não ter muita noção das coisas; de resto "fugi" sempre!), com sangue, agulhas ou cenas próprias de Anatomia de Grey... Mas como tudo na vida, a necessidade obriga. E, um dia, tive um gato (que sempre será o meu gato, por mais gatos que apareçam na minha vida) que precisou muito da minha coragem para com a medicina. Era operado várias vezes e quem tratava dele era eu. Depois dele todos os outros animais lá de casa passavam pelas minhas mãos, eu era a assistente do meu amigo P., que é o veterinário dos inquilinos de 4 patas lá de casa (que hoje resume-se a apenas um cão!). Depois foi o meu irmão que andou cá e lá entre hospital e casa e foi aí que senti aquele bichinho de que poderia ter sido médica (Pediatria oncológica, teria sido esta a área que escolheria). Se calhar por sentir muita vontade de o ajudar, de fazer mais e melhor (atenção que todos os profissionais de saúde que estiveram com ele foram excelentes!) de saber as respostas que tanto e tantas vezes queríamos ouvir e nem sempre nos davam. Óbvio que não tratei do meu irmão, mas li muito na altura sobre a sua doença, vi muita Anatomia de Grey (e ainda adoro ver!) e, dentro daquilo que via, tentava aprender mais um pouco.
A semana passada foi a minha avó que esteve no hospital. Não tive ainda coragem (nem sei se algum dia terei) de lhe levantar o lençol e ver o que estava lá feito. É nestes momentos que eu sinto que, infelizmente não tenho mesmo vocação para ser médica e agradeço a Deus que existam sempre pessoas com essa vocação.
Nos hospitais a vida é vista de uma forma que em mais nenhum outro local se iguala. Quem passa por lá sabe que a vida é efémera e está constantemente por um fio. Os profissionais de saúde fazem de tudo o que está ao seu alcance, na maior parte das vezes, para oferecerem o seu melhor aos doentes que lá estão. Outros nem por isso, infelizmente! Os corredores se falassem nunca mais se calavam com as histórias que teriam para contar. É impressionante a quantidade de sentimentos que se sente ali. Numa das vezes que visitei a minha avó na última semana, no hospital, presenciei a dura realidade de saídas e entradas de doentes. Aqueles que saem, mesmo sem estarem a 100%, são quase que "expulsos" da "sua" cama, para poderem dar lugar a outros que precisam. E é neste nível de "pouca" saúde que estamos. Esperando que melhores dias cheguem para os hospitais portugueses...
A minha avó entrou no hospital na quarta-feira, foi operada na quinta-feira e saiu na terça-feira seguinte, porque estava "bem"!...
A minha avó entrou no hospital na quarta-feira, foi operada na quinta-feira e saiu na terça-feira seguinte, porque estava "bem"!...
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