quinta-feira, 19 de maio de 2016

Tradições do dia da pombinha

Como já disse num post atrás, nos Açores leva-se muito a sério esta devoção ao Espírito Santo. Tanto é que existe um feriado próprio para o evento. Esse feriado foi na passada segunda-feira. É a chamada "segunda-feira da pombinha"!Ah que rica pombinha foi esta!!!

Aqui a família "Prudêncio" criou uma tradição desde há algum tempo atrás. Nas "segundas-feiras da pombinha", como é o dia do Espírito Santo, passamos o dia a festejá-lo e vai dai que, após 2 anos de interregno, por motivos da minha M. ser demasiado pequena para essas aventuras, achamos que este ano ela já teria alguma capacidade de conseguir aguentar tamanha caboiada e lá fomos nós os 3, tal como o Pai e o Filho iam, este ano foi a primeira vez de levarmos o Espírito Santo... :)

Não fomos tão cedo como o habitual, porque ainda quis preservar alguma alimentação consistente à M., assim, comeu a sua sopa pelas 12h e arrancamos de Ponta Delgada, onde se registava um dia lindo de sol... Fomos preparados exatamente para o sol (com protetores solares na mala e tudo!), pois, normalmente, nesse dia o Espírito Santo desce à freguesia da Maia em forma de sol abrasador. Qual não é nosso espanto que, ao chegarmos à Maia, estava um céu bastante encoberto e, em algumas zonas, um ventinho chatinho, mas nada impediu que se fizesse a festa... Ainda chegamos a tempo de ver um restinho de cortejo, os bombeiros, os Bora lá tocar,... Os animais e os tambores fizeram as delícias da minha M., como era já de esperar. Por todas as ruas "transpira-se" festa... há música e o burburinho de muitas pessoas a conversar ao mesmo tempo... Uma delícia...

Alguns registos do cortejo.
















Depois do cortejo iniciou-se as grandes filas (vulgo "bichas") para a carne guisada... Na Maia, as pessoas da freguesia juntam-se e preparam carne guisada para, no mínimo, 4 mil pessoas (é muita carne!!!)... Agora imaginem o tamanho das filas (registei em uma foto só para terem uma pequena noção!)... 

Deixamos as filas abrandarem, até porque não acredito que a minha M. parasse muito tempo numa fila à espera, para tentarmos a nossa sorte e lá tivemos o nosso quinhão. A carne estava deliciosa, como sempre... Com o picantezinho habitual... muito bom! A M., por sinal, adorou a comida (e a laranjada também, embora as bolinhas do gás lhe causassem alguma confusão!). Dias não são dias, portanto... 

Depois do almoço, tínhamos de encontrar urgentemente um sítio onde eu pudesse mudar a fralda e a roupa da M., porque ela acabou por escolher sentar-se no único sítio (perto de nós) que estava molhado! Corremos as casas de banho públicas, uma casa de banho de um café das redondezas, tentamos entrar na igreja, mas por ordens do pároco, ninguém poderia lá entrar (uma verdadeira tolice! Não percebo, mesmo!!!) e acabamos por trocá-la num jardim perto do centro que me pareceu mais abrigado, visto que tinha de lhe trocar o body... Obrigada à amiga M. que nos acompanhou nesse ato insólito na sua freguesia. Deixo, já agora, um apelo ao Presidente da Junta de Freguesia, Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, ou até a alguém de direito que fraldários também são necessários em eventos como este, de tão grande dimensão...
Após esta peripécia, foi tempo de desfrutar um bocadinho o ambiente festivo que se vive na freguesia...






O fim do dia, habitualmente, íamos até S. Vicente, onde também se fazem sopas do Espírito Santo bem boas, mas este ano decidimos que íamos experimentar as sopas que se servem na nossa futura freguesia "Fajã de Baixo" (e soubemos que também servem carne guisada e sobremesa). Não comparando para a gigantesca dimensão dos festejos da Maia, na Fajã de Baixo também se encontrava muita gente. Para o sítio que é e não fechando as ruas ao trânsito (quem leva crianças anda literalmente sempre com o coração nas mãos!) foi uma autêntica confusão. As pessoas praticamente se atropelavam. Muito triste... à parte dessas situações, as sopas estavam divinais, quentinhas e bem gostosas. Parabéns a quem a fez! A M. adorou. Quis comer o seu prato de sopa (e o meu praticamente todo!) e comeu-o sozinha. Acho que vou ter de fazer sopinhas do Espírito Santo lá em casa! Não chegamos a provar a carne guisada porque o dia seguinte era dia de trabalho e era preciso acordar cedinho... Bahhh 




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