...uma das minhas melhores amigas de infância...
Não me lembro do dia em que a conheci, pois sempre me lembro dela presente na minha vida, desde sempre mesmo... As nossas mães eram ambas professoras na mesma escola, portanto até na época de reuniões me lembro de brincar com ela na escola, enquanto as nossas mães reuniam...
Lembro-me que ela em pequenina era demasiado perfecionista. Acho que ainda o é, mas bem mais racional. Na altura, ela chorava porque num trabalho tinha tido um meio certo numa das respostas e ela queria ter tudo certo. Na verdade ela era mesmo uma chorona, era porque tinha meio certo na resposta, ou porque a gola da camisa não lhe agradava, ou porque o vestido picava, ou porque sei lá... Vamos dizer que ela era mesmo exigente e perfecionista... vá e esquisita! :)
Uma das nossas brincadeiras preferidas era ir ao cemitério. Apesar de parecer um pouco mórbido, acho que quem vive em sítios pequenis, como eu vivi, tem de inventar coisas para fazer e nós, além de outras coisas, também íamos ao cemitério. Íamos ver as fotografias e dizer quem eram... Uma das vezes (éramos sempre 3!) vimos lá uma coisa que nos parecia um "osso" saído da terra. Tanto eu como a C. fugimos a 7 pés. Ela também por arrasto, mas foi a única que quis voltar lá e ver o que era. O que tínhamos de medricas ela tinha de corajosa. Era apenas um tronco gasto pela chuva... Enfim...
Dormíamos muitas vezes na casa uma da outra. Numa das vezes ía eu dormir na casa dela e, já de noite escuro (na altura a luz da rua era muito fraquinha!), avistamos o que pensamos ser "um monte de roupa" no chão, do lado oposto da casa dela, que a dada altura gemeu. Estava mais que óbvio que era uma pessoa, mas eu medricas como era pedi-lhe para ficar comigo. A mãe dela, que também estava connosco, foi ver o que se passava... Ela permaneceu perto de mim...
Quando ela decidiu tirar medicina, percebi perfeitamente o porquê!... Ela era corajosa para ver esse tipo de coisas que, para mim sempre foram uma espécie de "pernas para que te quero"... Mas o sangue não podia ser o dela. Teria de ser de outros... Se fosse o dela, os gritos de desespero eram capazes de se ouvir na freguesia ao lado, como aconteceu uma vez que no quintal dos meus avós, ao estarmos a brincar com as batatas podres da colheita que ficavam na terra, ela levou com uma pedra que o primo do Canadá (que devia pensar que as batatas nasciam já descascadas no supermercado) lhe atirou pensando que era uma batata... Ela começou a chorar em direção à sua casa e nunca mais ninguém lhe apanhou, mas ouvimos todos por onde ia...
Com ela também formei o Clubinho Protetor dos Animais que não protegeu animal nenhum, porque graças a Deus, os animais eram todos bem tratados na nossa freguesia. Mas achamos giro o nome e por isso pusemos.
Com ela viajei pela primeira vez para a Madeira (ou ela viajou comigo), na viagem de finalistas do meu 9º ano e divertímo-nos à brava.
Quando estava em Lisboa ela estava em Coimbra. Fizemos algumas viagens juntas e passamos também alguns fins-de-semana juntas, mais ela comigo do que eu com ela... Em Lisboa tem sempre muito que fazer...
Nas piores fases da minha vida ela esteve presente e acompanhou de perto a história do meu irmão e nisso estou-lhe eternamente grata.
Por volta do último aniversário da minha mãe e da minha M., ela veio passar 15 dias cá e estivemos juntas. A minha M. ainda hoje fala dela. Sabe exatamente quem é a Maura, diz que é a amiga da mãe que lhe deu o casaco fofinho e quentinho e que andou com ela no triciclo. Cada vez mais acho que existem genes da amizade que passam de mães para os filhos, ou então é pura coincidência que a minha M., mesmo não convivendo diariamente, sinta empatia pelas minhas amizades e pelos filhos dos meus amigos.
Hoje ela faz anos e desejo-lhe apenas o que de melhor a vida tem para oferecer. Maura, tem um dia muito feliz, cheio de surpresas boas! Esta é a minha! :)
:) Tão boas estas memórias! :)
ResponderEliminarTão boas estas memórias, também tenho muitas. Infelizmente a distância física afastou-me da minha grande amiga.
ResponderEliminarBeijo