quinta-feira, 19 de abril de 2018

Lá vai ter de ser...

O que mais temia aconteceu...

Fomos novamente ao meu primo Otorrinolaringologista (falei dele aqui) e, mal ela entrou no seu consultório, ele estranhou a sua respiração e falou em Adenoamigdalectomia. Para quem não sabe é uma cirurgia para retirar as adenóides e as amígdalas. Segundo ele, só tira parcialmente as amígdalas, mas que para melhorar a sua qualidade de vida, o seu crescimento e evitar ela continuar congestionada é a melhor solução para ela. Ela ouviu e já começou a dizer que não queria tirar as "amídaglas" e que não queria tirar sangue. Ela e agulhas é igual a mim: não combina!... Por um lado, ela até tem sorte, porque eu percebo perfeitamente o seu medo. Sou exatamente igual. Lembro-me que a minha mãe dizia sempre "não dói nada", as enfermeiras diziam sempre "não dói nada!". Não dói nada o tanas!!! Dói sim. Não é muito, mas dói! Piorava quando me diziam "Esteve aqui um menino mais pequenino e nem chorou!". Passava-me completamente. E o que tinha eu a ver com isso?! Ele não tem medo, mas eu tenho! Somos 2 pessoas diferentes! E eu sou da opinião de que segue medicina quem gosta, quem tem vocação para lidar com a sensibilidade das várias pessoas que lhe aparecem à frente e mais nada! Se não for assim, nem vale a pena continuar nesse curso!

Desta vez será a minha pequenina a passar pelo que eu passei... Eu tinha 5 anos (portanto há praticamente 35 anos!!!) e lembro-me perfeitamente do dia em que fui fazer análises, do dia da operação e do dia seguinte à operação... Lembro-me de tudo quase ao pormenor. Fiquei traumatizada! Não é fácil para uma criança de 5 anos deitar-se numa maca, ser amarrada para tirar sangue e muito menos é natural que ela vá na boa para o colo de alguém que não conhece vestido de branco que a leva para o bloco operatório, sem ninguém conhecido. Só há um cenário possível: choro e mais choro. Filme de terror! Foi o que me aconteceu, mesmo eu tendo tido a sorte de ir com a minha querida Arménia... Eu não fui com a minha mãe e eu queria era a minha mãe!!! Com a minha M., ao menos o meu primo garantiu-me que eu a acompanharia até ela adormecer na anestesia, lá no bloco operatório com ela (lá dentro com ela!). E quando acordasse eu estaria com ela. Menos mal!... É a tal diferença entre o público e o privado! Desumanos pá! Como é que se separa uma criança tão pequenina dos pais assim sem mais nem menos, à força só porque os pais não podem entrar no bloco operatório?! Não faz sentido...
Neste momento, estou a mentalizar-me para o que aí vem e, principalmente, a mentalizá-la... Vamos a ver como corre... Sei que estará em boas mãos, nas do nosso primo, que sabe perfeitamente que ela é o bem mais precioso que tenho na minha vida!...

(O meu primo, além de bom médico, é todo giro, com os seus lindos olhos azuis!)


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