Chegou o dia 14 de maio... o dia da sua cirurgia! Estava marcada para as 19h!!! Instruções: a partir das 13h não podia nem comer nem beber nada!!!
Ela almoçou muito bem. Mesmo bem! Tinha mesmo que almoçar bem, pois sabíamos lá nós quando ela poderia comer ou beber novamente...
Decidimos passar a tarde no "parque infantil" do Colombo. É um sítio que ela gosta de estar e não levava com o sol de Lisboa, fazendo-lhe querer beber. Pelas 16h fomo-nos dirigindo para o Parque das Nações, na esperança que ela adormecesse. E assim foi.
Quando acordou, levei-a no meu colo para o Hospital e lá aguardamos um pouco.
Quando chamaram pelo nome dela, levaram-nos para um quarto grande onde estavam outras pessoas, separadas por cortinados. Deram-nos 2 batas e 2 toucas (uma para ela e outra para quem fosse com ela para o bloco operatório - eu!). Vesti-a e vesti-me. Ela deitou-se na sua caminha junto com a Minnie (a amiga de sempre!) e a girafa que ela levou consigo e que era do seu "irmão gémeo" T. :)
Acompanhou-nos o enfermeiro Marco extremamente (bonito!) simpático e sempre muito meiguinho com ela.
O anestesista Dr. Chaled Al-Kadri também nos visitou. Ela sempre muito envergonhada quando ele falava com ela. Até que ele "virou palhaço"! Começou a fazer caretas e palhaçadas com a touca. Dizia que a touca fazia magias e tal... Muito, muito meiguinho! Disse-nos que só colocariam o soro nela quando ela já estivesse a dormir e que seria tudo muito soft para não criar qualquer tipo de trauma no futuro.
Deram-lhe uma espécie de xarope para ficar "bebedinha" e acreditem... ela ficou mesmo! Fartamo-nos de rir com as coisas que dizia... E ainda brincamos um bocadinho com ela enquanto esperávamos pela hora. No fundo, o meu coração de mãe estava a ficar cada vez mais pequenino com o aproximar da hora...
À porta do bloco operatório estava o nosso primo, quem lhe ia operar. Ela ia no meu colo, embrulhadinha nos cobertores. Ele falou com ela, sempre simpático e meiguinho. Deitei-a na cama da operação. A enfermeira do bloco também muito simpática a falar com ela. E chegou a hora de lhe colocar a máscara. Disse-lhe que era a máscara parecida com a de mergulho do padrinho. Ela deixou, como tínhamos combinado...
Estava à espera que ela adormecesse serenamente e com naturalidade, tal como adormecem nos filmes e na Anatomia de Grey. Mas não! A dada altura o médico anestesista diz-me: "Não se assuste! Eles começam a ficar agitados agora no final!". E ela ficou! Começou a espernear e a revirar os olhos. Só me lembrava de mim pequenina a passar exatamente pelo mesmo. Eu lembro-me que também esperneei... Será que foi disso? Não sei... Parecia que ela estava a ter um AVC ou com falta de ar... Foi um choque para mim e, como ninguém me tinha preparado para aquele cenário... o meu coração ainda ficou mais pequenino do que já estava, como se isso fosse ainda possível...
Se me perguntassem hoje se voltava a entrar no bloco operatório com ela, mesmo sabendo que ia vê-la passar por aquilo, eu responderia que sim, 1000 vezes SIM. Tenho a certeza que ela se sentiu mais segura comigo ao seu lado, a segurar-lhe a mãozinha pequenina, do que sem mim...
Tudo por ela...
Dr. Chaled Al-Kadri
Anestesista
Dr. Pedro Machado Sousa
Otorrinolaringologista (e nosso primo!)
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