terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O lado ruim da maternidade também existe...

Acreditem ou não, eu nunca encarei a maternidade como algo que me tivesse trazido algo de mau, porque eu adoro, amo ser mãe, especialmente mãe da minha M. que só me tem ensinado a ser melhor pessoa para mim, para ela e por ela... No entanto, tenho de admitir que esta coisa da maternidade tem muito que se lhe diga e há coisas que nos afetam mais ou menos, mesmo sem darmos conta... Para algumas pessoas até pode afetar bastante psicologicamente (a mim não, graças a Deus!). Tudo depende de como lidamos com a situação ou se damos muita importância a determinadas questões. Vou indicar aqui algumas que me apercebi em mim desde que fui mãe ou nas mães que eu conheço)...

- Quem sou eu?!
Até ela nascer eu era sensível aos problemas dos outros, mas nem tanto assim! Agora, com ela no centro da minha vida, eu consigo colocar-me no lugar dos outros. Eu choro a dor dos outros, mesmo que não os conheça. Eu sinto a dor dos outros (ou imagino!) como se ela fosse minha, principalmente se essa dor envolve crianças.

- Falta de liberdade.
Antes saia e regressava à hora que queria. Desde que a minha M. nasceu isso mudou. Se preciso sair em horário incompatível com a rotina dela, tenho que encontrar alguém disponível que fique com ela. Os horários do meu dia-a-dia e as minhas saídas são sempre dependentes do horário da rotina dela e da disponibilidade de terceiros. Graças a Deus tenho um apoio excelente e nunca me viram as costas.

- Falta de individualidade/tempo para mim.
Sair para fazer algo para mim passou a ser quase uma utopia. Como tenho o meu dia-a-dia sempre todo preenchido por ela e pelas "tarefas" com ela, deixei de ter tempo para mim, para fazer o que gosto. Por este motivo é que comecei a correr na hora do almoço, porque, pelo menos assim, não "roubo" (nem quero abdicar!) tempo do tempo que tenho para estar com ela.

- Falta de amigos e saídas com amigos.
Não que tenha menos amigos agora, mas sou bem mais seletiva. Amigos passaram a ser aqueles que "adotaram" a minha filha como "sobrinha", "prima" , "irmã", passaram a ser a nossa família. Aqueles que a tratam bem, que a fazem sentir bem, que gostam dela e de mim, claro, mas dela principalmente. Deixamos de sair tanto juntos, mas sabemos que estão lá para nós...

- Penso nela em 1º lugar e esqueço de mim muitas vezes.
Não que me sinta prejudicada, mas a felicidade dela está sempre em primeiro lugar. Posso estar com problemas, mas à sua frente tento ser forte e sorrir para ela e com ela. Fazê-la sorrir é a minha missão diária. Acima de tudo quero que nunca sofra pelas escolhas que fiz, faço e farei... Quero que seja feliz sempre... sei que não é possível, mas que o seja pelo menos a maior parte do tempo!

- Ganhei medos que não existiam.
Antes da minha filha não pensava muito na fragilidade da vida. Vivia. Hoje tenho medo de morrer. Tenho medo que ela caia e se magoe. Tenho medo de não conseguir ser "a melhor mãe" para ela, de não conseguir superar as minhas próprias expetativas. Tenho medo de não poder vê-la crescer. Tenho medo dela se sentir sozinha. Tenho medo de estar impossibilitada de a abraçar... 

- O corpo muda.
Na minha gravidez engordei 18kg. Depois dela nascer perdi parte deles (se não me falha a memória, 9kg). Amamentei bastante tempo por opção minha e da minha filha (e foi o melhor que fiz!) e por isso nunca fiz grandes dietas. Uma coisa é certa, amamentar pode emagrecer, mas também dá uma fome descontrolada. Eu andava sempre esfomeada e, sinceramente, nunca me preocupei muito com isso. Até parar de amamentar. A minha auto estima caiu por terra e, pelo meu bem, pela minha filha, tive de reagir. É uma luta diária, mas estou no caminho certo.

- O julgamento dos outros.
Todas as mães têm de estar mentalizadas que todas as escolhas que fizeram, fazem e farão serão julgadas ou olhadas de lado por outras pessoas. Eu tive de me mentalizar disso, porque no início deixava-me confusa porque todas as pessoas opinavam sobre os temas de forma diferente. Todas as escolhas que fiz e faço que envolva a minha filha podem não ser aceites por A, B ou C, mas sempre me disseram para seguir o meu instinto de mãe. O que me move é o bem estar e a felicidade dela, acima de todas as coisas no mundo! Procuro sempre o que eu, que sou a mãe dela, acho que é o melhor para ela.

- Divisão de tarefas.
Tratar da casa, dos filhos, da gestão de uma casa é também um trabalho que exige alguma paciência e capacidade de liderança e gestão. Não é remunerado monetariamente, mas pode ser "remunerado" através de carinho, de valorização, de companheirismo, ou então partilhado como se de uma equipa se tratasse. Óbvio que quando tal não acontece as coisas ficam complicadas para todos.


Apesar destes prós todos não abdicaria de ser mãe da minha filha NUNCA! É a minha maior alegria, o meu orgulho e por quem me dá prazer só de poder acompanhar de forma tão intensa na sua caminhada da vida.

2 comentários:

  1. Que foto tão linda!!!! :)
    Identifico-me com a maior parte do que dizes... principalmente a parte dos medos.

    Carla
    www.vinilepurpurina.com

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